Domingo - 11 de janeiro de 2015

Ouvir o Evangelho


DOMINGO DO BAPTISMO DO SENHOR

Evangelho segundo S. Marcos 1, 7-11

Naquele tempo, João começou a pregar, dizendo: «Vai chegar depois de mim quem é mais forte do que eu, diante do qual eu não sou digno de me inclinar para desatar as correias das suas sandálias. Eu baptizo na água, mas Ele baptizar-vos-á no Espírito Santo». Sucedeu que, naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia e foi baptizado por João no rio Jordão. Ao subir da água, viu os céus rasgarem-se e o Espírito, como uma pomba, descer sobre Ele. E dos céus ouviu-se uma voz: «Tu és o meu Filho muito amado, em Ti pus toda a minha complacência».

Outras leituras do dia: Is 42, 1-4. 6-7; Sal 28 (29), 1-2. 3ac-4. 3b e 9b-10; Act 10, 34-38


A festa do Baptismo do Senhor, que hoje celebramos, insere-se em três grandes epifanias ou manifestações da divindade de Jesus. A primeira acontece no Natal, com a manifestação do Deus encarnado ao povo escolhido, na imagem dos pastores; depois, a manifestação da chegada do Messias aos povos estrangeiros, longe da história de Israel, simbolizados nos reis Magos; agora, encontramos a manifestação de Jesus como o Filho de Deus muito amado, no momento do Baptismo por João, nas margens do rio Jordão. Para se entender o que estamos a celebrar, temos de começar pela raiz etimológica da palavra: «baptismo» é um substantivo que deriva do verbo grego baptizein, que significa literalmente «mergulho». É isto que nos é apresentado no relato do baptismo de Jesus, que hoje nos chega pela versão do Evangelista São Marcos. O ponto de partida é a pregação de João e o seu baptismo de arrependimento e perdão dos pecados. Este mergulho provocava um esforço de conversão moral para preparar a vinda do Messias, que traria consigo um outro mergulho muito mais completo: «Eu baptizo na água, mas Ele baptizar-vos-á no Espírito Santo». Quando Jesus Se aproxima e imerge nas águas diante de João, transforma o ritual do mergulho numa nova realidade: rasgam-se os céus, coroa-se o Filho pelo Espírito Santo – manifestado sob a forma de uma pomba – e ouve-se a voz do Pai que proclama a sua filiação divina: «Tu és o meu Filho muito amado, em Ti pus toda a minha complacência». Jesus coloca-Se na fila dos pecadores para que, pela água, a humanidade possa ser baptizada no Espírito. Assim, mergulha na condição humana frágil, vulnerável e tentada a viver longe de Deus, para a recriar a partir de dentro, à sua imagem e semelhança. Depois do Pentecostes, o baptismo dos crentes pela Igreja fá-los incorporarem-se na comunidade cristã como filhos de Deus. Bem sabemos que as dificuldades da vida se mantêm depois do baptismo e que a tentação em trocar a relação com Deus por falsos ídolos – o dinheiro, o prazer, o sucesso e o poder – não se anula. Neste sentido, a Primeira Epístola de São João recorda que a fidelidade ao «amor de Deus consiste em guardar os seus mandamentos». Mas se o caminho da vida com Deus pode ser quebrado, também pode sempre recomeçar pela conversão interior e pelo Sacramento da Reconciliação. Neste processo de avanços e recuos, são sempre actuais as palavras de Deus pela boca do profeta Isaías que lemos na primeira leitura: «Todos vós que tendes sede, vinde à nascente das águas. Vós que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei. Prestai-Me ouvidos e vinde a Mim, escutai-me e vivereis». Como avalio a minha vida cristã, o meu mergulho numa vida que me assemelha mais a Jesus? De que forma dou testemunho de ser filho(a) de Deus? E há quanto tempo não procuro um sacerdote para me reconciliar com Deus, para renovar as minhas promessas baptismais?
Revista Mensageiro do Coração de Jesus | Secretariado Nacional do Apostolado da Oração | www.apostoladodaoracao.pt


Vinde todos, vós que tendes sede,
Vinde comprar mesmo sem dinheiro;
Não acreditareis, mas vinde e vede
O “comércio” onde Deus está primeiro.

Farei convosco para sempre uma aliança,
Sereis minhas testemunhas entre as nações,
E no meio dos povos, dareis esperança
A quem procura o Senhor em seus corações.

Deus vos gerou, por isso vencereis o mundo,
Sede fortes na fé que aponta para o futuro,
Trazendo a todos o saber mais profundo,
A certeza de outro tempo, mais divino e puro.

Essa era a certeza do apóstolo e asceta João
Que batizava em batismo de arrependimento,
Era uma voz, um apelo contínuo à conversão,
Caminho para Deus este profético chamamento.

Teófilo Minga, fms