Domingo - 7 de junho de 2015

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DOMINGO X DO TEMPO COMUM
SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO - SOLENIDADE

Evangelho segundo S. Marcos 14, 12-16.22-2

No primeiro dia dos Ázimos, em que se imolava o cordeiro pascal, os discípulos perguntaram a Jesus: «Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?». Jesus enviou dois discípulos e disse-lhes: «Ide à cidade. Virá ao vosso encontro um homem com uma bilha de água. Segui-o e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: «O Mestre pergunta: Onde está a sala, em que hei-de comer a Páscoa com os meus discípulos?». Ele vos mostrará uma grande sala no andar superior, alcatifada e pronta. Preparai-nos lá o que é preciso». Os discípulos partiram e foram à cidade. Encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito e prepararam a Páscoa. Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, recitou a bênção e partiu-o, deu-o aos discípulos e disse: «Tomai: isto é o meu Corpo». Depois tomou um cálice, deu graças e entregou-lho. E todos beberam dele. Disse Jesus: «Este é o meu Sangue, o Sangue da nova aliança, derramado pela multidão dos homens. Em verdade vos digo: Não voltarei a beber do fruto da videira, até ao dia em que beberei do vinho novo no reino de Deus». Cantaram os salmos e saíram para o monte das Oliveiras.

Outras leituras do dia: Ex 24, 3-8; Sal 115, 12-13. 15 e 16bc. 17-18; Hebr 9, 11-15


A Igreja celebra neste domingo a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Jesus está presente do meio de nós de muitas formas, mas sobretudo na Eucaristia. No pão e no vinho consagrados, a presença real de Jesus alimenta a nossa fé, fortalece a nossa esperança e confirma-nos no amor ao próximo.
No Livro do Êxodo, encontramos Moisés a enviar a Deus o sacrifício do povo. No sopé do monte Sinai constrói um altar, oferece alguns novilhos em holocausto como sacrifícios pacíficos ao Senhor. Depois, tomando o Livro da Aliança e aspergindo o povo com o sangue, diz: «Este é o sangue da aliança que o Senhor firmou convosco». No ritual descrito encontramos o gesto de purificação do povo diante de Deus, que deveria acontecer periodicamente. Deus estabelece uma aliança com a humanidade e propõe uma relação baseada na fidelidade, que o povo deve purificar de tempos a tempos. No gesto simbólico de Moisés está a marca da confiança, da comunhão entre Deus e os homens. Se o caminho nem sempre é linear, pelo pecado do povo, não deixa de permanecer a certeza de que só Deus é o autor da vida, é Ele quem a renova e a torna mais plena.
O autor da Epístola aos Hebreu recorda este rito da renovação da Aliança do Antigo Testamento, mas como abertura e preparação da nova relação alicerçada na Eucaristia. Jesus é o mediador da nova Aliança, abre a humanidade a uma forma de comunhão a partir da sua própria vida encarnada. Já não servem os sacrifícios antigos. Cristo é o verdadeiro cordeiro que veio para salvar todos os homens com o derramamento do seu sangue: «se o sangue de cabritos e de toiros e a cinza de vitela, aspergidos sobre os que estão impuros, os santificam em ordem à pureza legal, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno Se ofereceu como vítima sem mancha, nos purificará para servirmos o Deus vivo!». Os primeiros sacrifícios não eram mais que figura do sacrifício de Cristo, anúncio da Boa Nova da salvação. A aliança trazida por Jesus é definitiva, abre a uma vida nova, à participação plena da vida de Deus. Em cada Eucaristia, tornamos actual o sacrifício de Cristo, que nos reconciliou com o Pai, que Se faz presente no meio de nós.
Por fim, no Evangelho de S. Marcos assistimos à instituição da Eucaristia. São-nos relatadas as palavras de Jesus que ainda hoje ouvimos quando celebramos a Missa: «Tomai: isto é o meu corpo» e «Este é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado pela multidão dos homens». Diante de Jesus que Se reúne com os discípulos, recordamos a solene Missa da Ceia do Senhor, celebrada na Quinta-Feira Santa, em que se lê o relato do lava-pés e se associa o sacrifício de Cristo ao serviço. Repetir os gestos de Jesus é fazer como Ele fez, em atitude de disponibilidade para ir ao encontro de quem mais precisa, alimentando os outros nas suas fragilidades da mesma forma que somos alimentados pelo Corpo e pelo Sangue de Cristo.

Revista Mensageiro do Coração de Jesus | Secretariado Nacional do Apostolado da Oração | www.apostoladodaoracao.pt


Moisés comunicou as decisões do Senhor,
E o povo inteiro responde a uma só voz:
Tudo isso poremos em prática com ardor,
Vivermos a Aliança entre o Senhor e nós.

Cristo é o Sumo-sacerdote dos futuros bens,
Cordeiro imolado da eterna e nova Aliança,
Cordeiro que nos liberta a nós eternos reféns
De um povo à deriva de perdida esperança.

Um povo resgatado no coração do Cordeiro;
O seu sacrifício não é o dos cabritos antigos;
É o sacrifício último e é também o primeiro,
Onde temos a certeza de que somos redimidos.

“Isto é o meu corpo”, diz ao tomar o pão,
Isto é o meu sangue derramado nesta taça;
Sangue da Aliança derramado pela multidão,
Sacrifício último onde tudo é dom e graça.

Teófilo Minga, fms